O Angra podia ter deixado esse jardim fechado
Secret Garden, o oitavo álbum da banda Angra, tem um “quê” de Rhapsody of Fire… Eu sei, parece piada, mas não é.
Eu sempre achei as bandas de power metal cópias umas das outras. Mas o Angra sempre foi, para mim, uma banda de power metal diferente das demais.
Desde a época de André Mattos, com seus potentes agudos, o Angra tinha uma pegada mais pura e mais mais crua, até que chegou Edu Falaschi. Não que o Edu tenha mudado o estilo do Angra, não, mas foi ali que tudo se perdeu. Até hoje eles estão tentando se achar.
Eu sempre preferi a época André Mattos do Angra, mas devo confessar que Rebirth é um dos meus álbuns preferidos. Isso porque no Rebirth eles ainda estavam tímidos, talvez com medo de mudar, talvez. Mudanças sutis nas guitarras (e um tremendo salto na bateria), junto com a voz do Edu, que tentava substituir o André e mostrar sua marca ao mesmo tempo, fizeram com que Rebirth se tornasse um álbum quase tão bom quando Angels Cry. Não é à toa que o nome do álbum era Rebirth, afinal de contas, o Angra tinha morrido com a saída de André.
Depois que Edu Falaschi percebeu que não precisava ficar na sombra de André Mattos, a banda também percebeu que não precisava ficar na mesma trilha sempre. Azar o nosso, pois o resultado foram três álbum medianos (Temple of Shadows, Aurora Consurgens e Aqua) e mais um rompimento, adieu Aquiles, adieu Edu.
Agora, não por coinidência, a primeira música do novo álbum se chama Newborn Me. O Angra precisa nascer novamente, das cinzas, do lodo, ou sei lá onde se enfiaram. Mas o que nasceu com o Secret Garden é uma banda feita de retalhos, um pouco do Angra, um pouco do Rhapsody of Fire. O instrumental já ficou idêntico a uma banda de power metal qualquer. O vocal de Fabio Lione e mais do mesmo que também me faz lembrar Rhapsody of Fire, uma banda que nunca me encantou. Então, aquela banda diferente, morreu lá em Rebirth?
Acredito que sim.
Mas Secret Garden é ruim? Não. Mas também não é bom o suficiente para o Angra que eu conheci muitos anos atrás enquanto jogava Magic: The Gathering durante as madrugadas. Aquela mágica do Power Metal com toque de ritmo nacional não existe mais. O Angra se tornou uma banda qualquer e, depois de dois renascimentos falhos, não acredito que consigam se levantar novamente.
(Artigo originalmente no Medium em 15 de março de 2015)
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