Um sorriso e dois segundos

O sinal está vermelho. Eu paro. Ela passa. Deve estar mesmo com pressa. Pela roupa, vai ou retorna da academia, ou só gosta de roupas assim. O sinal vai demorar ainda uns quarenta segundos para abrir, poderia pegar o celular e conferir uma eventual mensagem, mas o mais provável é que não tenha nada, é só o impulso do vício. Deixo o celular onde está, no console do carro, mas dou uma olhada para a tela.

Segundos se passam e a contagem vermelha do semáforo se aproxima do zero. Ajeito a marcha do carro e preparo a saída. Duas moças vêm atravessando a faixa enquanto conversam. O sinal abre e elas estão bem em frente ao meu carro. Eu aguardo. Uma delas percebe, apressa o passo e agiliza a amiga. Ela olha pra mim através do para-brisa e sorri. Um sorriso de agradecimento por trás da máscara, mas os olhos ainda o comunicam.

Atrás de mim, um motorista buzina. Passaram-se dois segundos de sinal verde. Eu ponho meu carro em movimento enquanto me questiono: Quando tudo ficou tão apressado?

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