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Mostrando postagens de julho, 2017

One More Light - A última luz de Chester Bennington

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No último dia 20 de julho, uma quinta-feira cinzenta, encontram o corpo do músico Chester Bennington , vocalista da banda Linkin Park . Suicídio. Chester teria se enforcado na própria casa, deixando esposa e seis filhos chorando por ele. Muitas pessoas disseram, e ainda dizem, que isso é culpa do álcool ou drogas, do que Chester era dependente, mas não percebem que está tudo do avesso. A depressão, ansiedade e pânico provocam a busca desesperada por uma fuga disso tudo. É assim que álcool e drogas entram na história. São sintomas, não a causa! Chester foi abusado quando criança e já disse em entrevistas que sempre se sentiu deslocado. E o último álbum do Linkin Park parece até ter sido uma despedida! One More Light começa com a música No One Can Save Me , seguida da Good Goodbye . Em ambas Chester fala sobre seus demônios, enquanto em Talking To Myself ele reclama de não ser ouvido: A verdade é, você se transforma em outra pessoa Você continua correndo como se o

O Apocalipse Zumbi Já Começou

No começo eram apenas alguns. Víamos pela Internet e na TV. Pessoas que saciam sua fome com a morte de outras pessoas. Não dava pra acreditar… milhares morriam e eles continuavam com fome. Depois, com o tempo, as notícias foram se multiplicando, se alastrando e então eles estavam por toda parte. Era medonho! Mal dava pra dormir à noite. Eu ficava pensando no meu filho, tão novo. Qual seria seu futuro num mundo infestado de monstros canibais que se movem por cima de cadáveres e mais cadáveres para alcançar aquele que ainda vive, aquele que tenta apenas viver, ou sobreviver, num mundo dominado por zumbis. Zumbis! Alguém começou a usar essa palavra para denominar esses monstros, e pegou. Parece que na cultura do Haiti ou alguma outra ilha dessas tinham lendas de rituais de voodoo com pessoas que já estavam mortas, mas se moviam para devorar os vivos. Os chamavam Zumi. Pois é, parecia coisa de filme. Os zumbis estavam dominando a terra! Era estranho ver que, mesmo onde não

Bilhete Suicida

Cansei de tudo isso. Sei que parece egoísta, mas não aguento mais! Cansei de tantos “amigos” que nem olham na minha cara quando cruzam por mim na rua. Cansei de tantas declarações vazias e citações que não se encaixam. Cansei da hipocrisia implícita (e explícita) que me bate no peito impedindo que eu respire, me mova, ande, que eu faça alguma coisa. Cansei! Estou me despedindo desse mundo de falsidades, sorrisos amarelos e corpos embelezados no Photoshop. Cansei dessas mentiras e dessa vida casca de ovo que esconde tanta podridão por baixo, onde ninguém vê. Tchau! Muitos vão pensar “Mas e nós? Vamos sentir sua falta! Não pensa nisso?”, pois é exatamente por isso que ainda não fiz antes o que devo fazer agora. Podem me chamar de egoísta, eu não estarei aqui para me ofender. Alguns poderão, sim, sentir minha falta, mas o tempo cura tudo e vocês vão seguir suas vidas normalmente. Um dia verão as lembranças e sorrirão, mas nem isso há de abalar vossas vidas. Vocês sobreviver

O Menino que Não Gostava de Azul

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“Mais um dia”, pensou. Abriu os olhos azuis e fitou com dificuldade o teto pintado de azul de seu quarto de paredes azuis, esfregou os olhos e olhou para o lado, segunda-feira, dia de escola. E sua mãe já gritava lá da cozinha. “Jonas, desce logo. Seu café está esfriando!” Levantou-se com preguiça e foi até o guarda-roupas, pegou a primeira camiseta que sua mão alcançou, uma azul, e vestiu vagarosamente com cara de quem quer voltar para a cama. “Só mais cinco minutos”, pensou, mas foi impedido pelo grito de sua mãe. “JONAS! DESCE AGORA! VAI SE ATRASAR!” Então desceu as escadas e passou com cara emburrada por sua mãe, que vestia rosa, como sempre. Antes de chegar na cozinha já sabia o que o esperava sobre a mesa: um prato branco de porcelana, sem desenhos, com ovos fritos, duas fatias de pão e ao lado de um copo de suco de laranja. Todos os dias era a mesma coisa, hoje não seria diferente… não foi. Ele não reclamou. Comeu e pegou sua mochila azul, toda azul, e s

Sósia -  Um Livro de Renan Cardozo

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Recentemente recebi a honrosa tarefa de ler o livro Sósia de Renan Cardozo (autor de Mboi Tu’i e Outros Contos ) para fazer essa resenha. Na verdade, estou bem atrasado no cumprimento dessa tarefa, já que a ideia é que a resenha fosse publicada antes do fim do financiamento coletivo, mas, como eu sempre digo, antes tarde que mais tarde, certo? Sem mais delongas vamos à minha opinião: Sósia “ Pessoas vão fazer qualquer coisa para evitar encarar suas próprias sombras ”. — Carl Jung O livro não bebe, praticamente se embriaga nas inspirações de H. P. Lovecraft , que é, se você não reconheceu o nome, o autor e criador de Cthulhu e outros tantos terrores cósmicos. Quando digo isso, não é por conter aberrações ilógicas ou criaturas anteriores ao universo, mas também não estou dizendo que não tem (na verdade eu ainda estou em dúvida se existem ou não esses bichos no livro do Renan), mas sim pela forma de escrita, sempre em primeira pessoa, tomando diários, cartas e relatos dos per

Maria Sangrenta

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O jovem Marcos sempre era facilmente o principal alvo da chacota e brincadeiras de mal gosto de seus colegas. O menor da turma, também o mais inteligente, portando seus óculos grossos e sempre andando com seus ombros encolhidos, cabeça abaixada e passos curtos, mas apressados. Os maiores, apesar de seus poucos doze anos de idade, sabiam ser cruéis com ele, que chorava fácil, e então o choro virava o motivo da zombaria. Tudo era um amargo ciclo vicioso infindável e espinhento que sangrava os sentimentos de Marcos enquanto todos os outros se riam dele. Naquela manhã fria de julho não foi diferente. Marcos estava sentado encolhido em cima de uma privada, no banheiro de sua escola, chorando. Os fones de ouvido ligados a seu walkman tocavam The Cure, Close To Me, para abafar o mundo de fora. “Você falou que nunca me deixaria, mamãe.” — resmungou sem perceber que Túlio entrava no banheiro naquele momento. O menino não perdeu a chance, saiu correndo para chamar seus comparsas de mald

Estarei Esperando

Com os olhos azuis arregalados e marejados, Geovane não conseguia entender o que estava acontecendo. Como podia Naomi, aquela oriental franzina, o erguer pelo pescoço com apenas uma mão como se não nada fosse? E porquê? Eles haviam casado a poucas horas e chegado no hotel a poucos minutos. Ela parecia tão feliz no segundo anterior ao acesso de raiva e loucura. Ele tentou reagir, revidar, sair daquele golpe, mas seus braços pendiam moles junto ao corpo e não respondiam à usa vontade. Uma lágrima correu por seu rosto, embrenhando por sua barba ruiva. Um sorriso se desenhou no rosto feminino, em contraste com a fúria em seus olhos, a deixando com uma feição macabra. Então Naomi começou a falar. Era sua voz, mas as palavras não pereciam ser pronunciadas por ela. Era como se outra pessoa falasse por sua boca. Você deve estar se perguntando o que está acontecendo, o motivo disso. Sim, você já questionou isso tantas outras vezes. Na verdade, todas as vezes, mas eu já espe

O Beija-Flor e os Goblins

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O velho mago vinha andando na frente com sua esvoaçante capa roxa com bordas e desenhos em dourado, enquanto seus dois novos companheiros discutiam e se alfinetavam poucos metros atrás. O Sol já estava se pondo e o dia inteiro foi assim, exatamente como o anterior, e a paciência do arcanista estava se esgotando. Ele havia prometido a Mognar, um amigo muito próximo do rei, que levaria até o reino vizinho, uma poção mágica, que ele mesmo tinha feito, para curar uma sobrinha do homem que havia caído sob uma doença ou maldição misteriosa. Claro que o velho conjurador tinha em sua mente que, fazendo isso, Mognar falaria ao rei, que poderia lhe dar uma recompensa melhor que as poucas moedas que seu amigo ofereceu, e o mago recusou, para parecer ainda mais benevolente. Tudo muito bem calculado, mas ele precisava de mais gente para atravessar o Vale dos Três Dias, que tinha esse nome por levar três dias para atravessá-lo de ponta a ponta, que separava os dois reinos. Se ele fosse