Postagens

Mostrando postagens de abril, 2020

Acredito que a arte seja apenas...

Acredito que a arte seja apenas uma tentativa desesperada e em vão de imortalizar um momento, sentimento, pensamento, uma fração de vida, uma emoção... ...nada pode ser eterno. Nada dura para sempre. Tudo acaba. Mas isso não nos impede de continuar tentando.

Keanu Wander Yil

Agora buscava cavar de entre feridas, gozo honesto, inquietante júbilo. Lançou-se meio negativo onde, por questões razoáveis, só tinha um visitante xereta zanzando.

Causa mortis

Morri. Poderia ser poético dizer que de amor de saudades morri. Pseudoprofético Dizer que sofri Como se não sofressem todos aqui. Morri. Poderia ser belo. de uma flecha errante do Cupido pedante a atravessar meu peito singelo em paixão picante suspirando por ti Eu vi quando passou bela, cheirosa, provocante sorrindo de canto cabelos como manto balançando em desplante Nem me olhava Altiva, passava e quando, lá na esquina virava toda menina olhava de soslaio Meu coração palpitava como gato num balaio se debatia, berrava. Ansiava por ti. Morri. Poderia eu dizer morri de saudades de ti. Diz, que forma de morrer dolorosa, bela porém impiedosa. Sozinho, sem ela dama formosa que só de ver passar rejuvenesci. Mas morri. Poderia ser poético Poderia. Mas não. Foi patético. Morri de burrice. De descuido de mim. De gordura nas veias, sim. Morri de infarto. E fim.

Antenas Antares

Antônio Antunes, antevendo antítese ante antigos antagonistas, antecipou-se: - Antas antiquadas!

Sexo

Sob a débil luz de poucas estrelas no céu negro cheio de nuvens, sob influência de álcool e tesão, sobre folhas secas crepitantes, barulhentas, os dois corpos se entrelaçam ignorando a madrugada quente e úmida. O instinto carnal alimentado pela fúria dos hormônios, a vontade do sexo, a fome do outro embriaga ainda mais que o vinho barato engolido às pressas. O calor não encharca os lençóis, escorre pela pele, se assenta em meio às folhas e à terra dura, mas que não se faz relevante, é aquele calor que amacia a carne e saliva como em mesa farta. Fartura apenas de desejo. Os lábios, tremendo, se lambuzam com a saliva grossa, as línguas se provam nervosas como vermes se banqueteiam na carne podre. Respirações ofegantes provocam gemidos eventuais que interrompem involuntários os cantos de grilos e pássaros noturnos. Os narizes, ansiosos, dilatam-se percebendo o agridoce perfume que brota dos amantes deitados nus. Mãos apressadas percorrem ásperas a pele alheia, lixando a camada de célul

Cala-te

Cala-te, ó desgraçado. Cala-te! Ninguém quer saber de tuas mazelas, lamentos e desgraças. Engole-as como engoles o velho conhaque barato, sem gelo, a te arder a garganta. Ninguém quer ver-te a chorar, nem mesmo a contar tuas péssimas anedotas. Apenas cala-te! Que te ocorre? Mas se respondes, se lamentas, fica a choramingar. Se não respondes, estás a fazer papel de "mulherzinha". Ora, cala-te, mas não transpareça essa tristeza maldita, desgraça! Será que não podes apenas ser um adorno ocupando um espaço na casa? Ficas ali, onde estorva bem menos. Não me venha com essa de partir, de cessar-te a vida, todos sabem que o faz apenas por chamar a atenção. Se quisesses mesmo partir, já o teria feito. Tua presença nunca foi bem quista, mas se partes dá trabalho, então apenas fica e te cala a boca. Agora lembra que te amo.