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Se queres a mim conhecer...

Se queres a mim conhecer, não olhes por onde andei. Meus passos são confusos, trôpegos, errantes. Olhe dentro dos meus olhos, nas cicatrizes da minha carne, nas tatuagens de minh'alma. Se enfrentei moinhos de vento ou gigantes, tanto faz. O que importa é, mesmo quando caí, saí vitorioso, pois quando avancei em ataque, venci a mim mesmo e superei meus medos.

Vivo passando por mim

Vivo passando por mim, como as águas de um rio passam por si e passam e se vão longe. Mas elas não olham pra trás, eu sim. As águas do rio não contam os peixes que nadam por elas, não recordam as pedras que contornam, não remoem as lamas do barranco que desbarrancam pra dentro e fazem sujeira. Essas águas, sempre correntes, sempre passando, sempre correndo, nunca parando. Eu não. Ás vezes eu paro, olho pra trás, lamento mazelas, choro tristezas novamente, me alago, me represo, me magoo. Às veze reparo nos pássaros, outras ando correndo sem contar os passos. Vivo sobre escombros empoeirados de uma vida que já não vive, mas que morta faz possível que a vida brote novamente. Não! Não broto. Não quero firmar raízes. Quero ser como as águas. Aquelas que já te disse, as que correm e correm até chegar no mar.

Desculpa!

Postei algo numa rede social, uma foto, e abaixo escrevi a legenda "pedra". Um amigo meu me corrigiu, "é uma rocha, um conjunto de minerais. Desculpa". Fiquei algum tempo tentando entender seu pedido de desculpas. Não havíamos discutido, nem ele faltou a algum compromisso comigo, então a conclusão que cheguei é que se desculpava por ter me corrigido. Oras, pedir desculpas por me ensinar algo? Deveria fazê-lo caso visse a oportunidade e não o fizesse!

Um sorriso e dois segundos

O sinal está vermelho. Eu paro. Ela passa. Deve estar mesmo com pressa. Pela roupa, vai ou retorna da academia, ou só gosta de roupas assim. O sinal vai demorar ainda uns quarenta segundos para abrir, poderia pegar o celular e conferir uma eventual mensagem, mas o mais provável é que não tenha nada, é só o impulso do vício. Deixo o celular onde está, no console do carro, mas dou uma olhada para a tela. Segundos se passam e a contagem vermelha do semáforo se aproxima do zero. Ajeito a marcha do carro e preparo a saída. Duas moças vêm atravessando a faixa enquanto conversam. O sinal abre e elas estão bem em frente ao meu carro. Eu aguardo. Uma delas percebe, apressa o passo e agiliza a amiga. Ela olha pra mim através do para-brisa e sorri. Um sorriso de agradecimento por trás da máscara, mas os olhos ainda o comunicam. Atrás de mim, um motorista buzina. Passaram-se dois segundos de sinal verde. Eu ponho meu carro em movimento enquanto me questiono: Quando tudo ficou tão apressado?

O Dilema do Final

Foi durante um banho que veio a ideia, enquanto a água lambia a pele de cima a baixo, e as mãos, uma munida de sabonete meio gasto e a outra nua a escorregar na espuma, desenhavam no corpo uma sintonia aparentemente caótica. Aparentemente. Não se apressou. Deixou que a ideia conversasse um monólogo assistido ali dentro de sua caixa craniana. Visualizava as frases, repensava concordâncias, ia e voltava desordenadamente, tentando casar as palavras de forma que mais se deixasse confortável. Enquanto se secava, lixando o couro úmido com uma toalha amaciada, pensava "essa sim é uma ideia. Devo pôr no papel, ou numa tela. Devo escrever! Tirar da mente, trazer ao mundo. Devo parir". Jogou a toalha na cama, estendeu-se apressadmente, enfiou-se numa roupa velha de ficar em casa, sacudiu os cabelos, alcançou o celular e jogou-se na velha cadeira de balanço. As palavras pulavam da mente para os dedos e dali para a tela do aparelho. Às vezes, uma ou outra, das mais estrambólicas, fazia e

Acredito que a arte seja apenas...

Acredito que a arte seja apenas uma tentativa desesperada e em vão de imortalizar um momento, sentimento, pensamento, uma fração de vida, uma emoção... ...nada pode ser eterno. Nada dura para sempre. Tudo acaba. Mas isso não nos impede de continuar tentando.