Depois de tanto tempo...
Depois de tanto tempo esperando ele percebeu que ela nunca mais voltaria.
A dor começou a apertar seu peito com garras cruéis e um nó cresceu em sua garganta sufocando-o. Seus olhos insistiam em ficar molhados, por mais que ele secasse com a manga da camiseta velha, com cheiro de pó escondido por trás do perfume doce.
Nunca mais teria o cheiro de seus cabelos recém lavados para lhe embriagar. Nunca mais teria o gosto de seu batom barato no desjejum. Nunca mais teria sua sombra pela janela no fim da tarde. Nunca mais diria “Oi bebê. Como foi seu dia?”.
Ele sentiu um gosto amargo na boca e percebeu que era a culpa. Um grito cresceu em sua boca, mas morreu antes de nascer.
Um pé atrás do outro, vagarosamente, ele foi andando sem rumo. Ninguém mais ouviu falar dele.
Nem mesmo ele.
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