A Mariposa
Madrugada quente, abafada. Apesar do sono, não consigo dormir. Rolo-me para um lado, para o outro, ajeito o travesseiro, empurro a coberta, a puxo de volta. Nada adianta.
Os olhos pesam, mas não ficam fechados. Minhas pálpebras pesam toneladas. Olho-me ao redor, o quarto vazio, nada além da escuridão quebrada pela fraca luz que escapa janela a dentro e uma mariposa pousada junto ao forro de madeira.
Meu olhar se fixa naquele animal. Ela se mexe, anda um pouco e começa a bater suas asas contra o duro teto. Meu olhar acompanhar o sofrido debate do animal contra o obstáculo imovível. Por mais que tente se libertar daquela prisão, tudo que consegue é se ferir mais e mais. Meus olhos vidrados seguem cada tentativa vã da pobre mariposa.
De repente, percebo-me a me debater contra o forro. Me viro para um lado, para o outro, agito minhas asas cada vez mais forte e me jogo contro o forro indiferente. Eu sou a mariposa!
Meu coração se acelera, minha vista escurece e minhas várias patas se amolecem. O desespero toma conta do meu diminuto corpo.
Preciso sair daqui. Preciso escapar, sair dessa prisão. Onde está a luz?
A cada movimento, a dor aumenta e a angústia me abraça cada vez mais. Logo minhas forças se esvaem, mas eu não posso desistir, continuo a me debater mais e mais contra a madeira... Tum... tum... tum...
Acordo assustado, num pulo sento-me na cama. O suor escorre pelo meu corpo e rosto. Lençol e travesseiro encharcados.
Então era apenas um sonho?
Olho rapidamente para o forro, lá está ela, a mariposa. Ela sempre esteve ali. E sempre estará!
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