Às seis e meia da manhã…

Após um banho, mas ainda sonolento, o homem se dirigiu à cozinha e iniciou seu ritual matinal: mediu a água com uma xícara, ajeitou o filtro de papel grande demais, o retirou e cortou um pedaço, na próxima tenho que comprar filtros menores, pensou, colocou o pó de café e ligou a cafeteira, virou-se e começou a procurar algo para lhe saciar a fome.
Pão, castanhas, queijo branco, comenta consigo, acho que é isso. Na TV, Mick Jagger gritava a plenos pulmões “I can’t get no satisfaction”.
Ah! Eu te entendo, ele pensa.
Poucos minutos o separam da mesmice, alguns chamam rotina, de sua vidinha medíocre, vazia e chata.
Ele olha para a porta de vidro esperando que ela se abra, mas ninguém vai entrar.
Ninguém vai bater no vidro pedindo para se juntar a você, ele se critica, pare de sonhar e termine sua refeição. Agora você é um homem, precisa se virar. Hoje amanheceu fresco. Queria conseguir gostar disso, ou de qualquer coisa.
Ele sai resmungando o verso repetido à exaustão pelo velho inglês, “I can’t get no satisfaction”, e ele tenta, tenta e tenta…

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