A Mariposa
Madrugada quente, abafada. Apesar do sono, não consigo dormir. Rolo-me para um lado, para o outro, ajeito o travesseiro, empurro a coberta, a puxo de volta. Nada adianta. Os olhos pesam, mas não ficam fechados. Minhas pálpebras pesam toneladas. Olho-me ao redor, o quarto vazio, nada além da escuridão quebrada pela fraca luz que escapa janela a dentro e uma mariposa pousada junto ao forro de madeira. Meu olhar se fixa naquele animal. Ela se mexe, anda um pouco e começa a bater suas asas contra o duro teto. Meu olhar acompanhar o sofrido debate do animal contra o obstáculo imovível. Por mais que tente se libertar daquela prisão, tudo que consegue é se ferir mais e mais. Meus olhos vidrados seguem cada tentativa vã da pobre mariposa. De repente, percebo-me a me debater contra o forro. Me viro para um lado, para o outro, agito minhas asas cada vez mais forte e me jogo contro o forro indiferente. Eu sou a mariposa! Meu coração se acelera, minha vista escurece e minhas v...